APAF garante que já há árbitros a pedirem dispensa da 10.ª jornada




São vários os árbitros da principal Liga do futebol português e da Liga de Honra que pediram dispensa de dirigir jogos na jornada que irá disputar-se nos próximos dias 6 e 7 de Novembro.
A garantia foi dada pelo presidente da Associação de Árbitros de Futebol (APAF) e a medida apresentada como uma forma de protesto contra o novo Código Contributivo da Segurança Social. Esta posição não deverá afectar, porém, o normal desenrolar da 10.ª ronda do campeonato, em que se joga o FC Porto-Benfica.

Luís Guilherme, responsável máximo da APAF, ressalva que este alerta sobre a política contributiva não atinge os juízes do futebol profissional, mas sim aqueles que estão envolvidos nas provas amadoras e escalões de formação, que serão fortemente afectados com o novo modelo de descontos para a Segurança Social, com entrada em vigor prevista para Janeiro de 2011.

"Já temos conhecimento de alguns árbitros que pediram dispensa e o mais provável é que não existam em número suficiente para se realizar normalmente a jornada", avança Luís Guilherme. O regulamento de arbitragem prevê, de facto, na alínea h) do artigo 11.º (Direitos e deveres) a possibilidade de "obter até duas dispensas de exercício de actividade em cada época desportiva, por período máximo de uma jornada", mas determina que sejam "solicitadas com uma antecedência nunca inferior a 20 dias, salvo se ocorrer facto imprevisto e de força maior, devidamente comprovado". Ora, como esta tomada de posição saiu de uma reunião ocorrida na passada sexta-feira, o período que medeia até à jornada 10 é de 15/16 dias. Inferior, portanto, ao estipulado no regulamento.

De qualquer forma, Luís Guilherme adianta que esta não é uma luta dos árbitros das provas profissionais, mas apenas um acto de solidariedade para com os juízes dos escalões secundários e de formação. "Os árbitros das provas profissionais desde 2007 que descontam normalmente e nunca se levantou qualquer problema quanto a isso. O problema está nos restantes que, a partir de Janeiro, vão ter de descontar logo mais de 183 euros para a Segurança Social, quando muitos deles não ganham isso por mês", adverte. "O que estamos a fazer é apenas um alerta porque, a partir de Janeiro, é óbvio que não haverá árbitros nos escalões secundários e de formação, porque para continuarem terão de colocar dinheiro do próprio bolso", esclareceu.

Luís Guilherme garante que este problema já está a ser discutido há mais de dois anos, mas sublinha que tem existido falta de vontade política para o resolver. "Estamos a falar de quantias que não vão em nada afectar o Orçamento do Estado, porque a esse nível são completamente irrisórias, mas que para quem anda nisto quase de forma lúdica se torna insuportável", continua o responsável da APAF, garantindo que o secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, tem perfeito conhecimento de toda a situação.

"Espero é que tudo isto sirva para ajudar a resolver o problema, porque corremos o risco de ficarmos sem árbitros a partir de Janeiro nas provas distritais e nos jogos de camadas de formação", concluiu.

Fonte: Publico

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