10 Questões a... Luís Guilherme

O site de arbitragem RefereeTip.com e o site institucional da APAF - Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol iniciaram recentemente uma parceria online intitulada “10 Questões a…”.
Nesta rubrica, comum aos dois websites, convidamos semanalmente uma personalidade a responder a 10 questões relacionadas com a arbitragem.

No pontapé de saída desta iniciativa convidámos o Presidente da APAF, Luís Guilherme, a responder às 10 Questões…

1.       Como é que o Luís Guilherme, que está na arbitragem há 25 anos, vê a arbitragem actual, mais concretamente a sua formação, a organização/estrutura e os árbitros da actualidade?
No que se refere à sua formação, a organização/estrutura, a arbitragem está muito aquém das reais necessidades dos tempos actuais, é urgente reformular de forma profunda estas vertentes. A APAF está a produzir um documento de trabalho, para debate com os Árbitros e a sua estrutura organizativa, os Núcleos, onde pretende dar novas pistas para uma arbitragem diferente.
Relativamente aos Árbitros, houve uma evolução muito grande, talvez porque a sociedade também evoluiu, mas esta nova geração de Árbitros, manifesta um espírito muito mais aberto e activo, o que na maioria das vezes arrasta a própria estrutura da arbitragem, aliás esta, na maior parte das vezes não age, apenas reage, por força da grande capacidade que os Árbitros demonstram na sua forma de intervenção perante o sector. 

2.       Árbitro, Presidente da APAF ou Presidente da Comissão de Arbitragem da LPFP. O que é/foi mais difícil e porquê?
Tudo tem a sua complexidade de acordo com as funções e o momento em que as mesmas são exercidas, mas quem as exerce deverá ter sempre um grande espírito de missão, perceber que está em determinado lugar para servir, neste caso a arbitragem, ter o discernimento que os cargos são passageiros e, quem gosta de arbitragem como é o meu caso, tem de estar disponível para a servir onde for entendido em cada conjuntura que pode ser mais útil.

3.       Quais os desafios que se colocam à APAF a curto e médio prazo?
Decisivamente uma aposta clara em três vertentes:
a)      Participar de forma activa na renovação do futebol português, revisão dos Estatutos da FPF, eleições para os Órgãos Sociais da FPF e intervenção activa na renovação dos regulamentos de Competições, Disciplina e Arbitragem.
b)      Profissionalizar a estrutura dirigente da APAF, para permitir à organização poder produzir outro tipo de acções
c)       Credenciar-se como entidade formadora, para poder dar formação de excelência na área da arbitragem e valências que tenham que ver com esta.

4.       Quanto à questão da Fiscalidade. O que já se conseguiu em defesa dos árbitros? O que falta conquistar?
Conseguimos melhores condições para os Árbitros que tenham idade até aos 30 anos, desde que não aufiram por ano em prémios de jogo, um valor superior a 2095 euros ficam isentos em termos fiscais, é o inicio de começar a resolver o problema.
Faltam agora os restantes Árbitros, os que têm mais de 30 anos, que serão a maioria dos que estão em actividade, esta situação a nosso ver só pode ser resolvida com a introdução de uma Clausula Liberatória, que fixe uma percentagem de desconto sobre o prémio de jogo a negociar, tendo em atenção a realidade do País e do sector da arbitragem e do ajuizamento desportivo.
5.       Que análise faz, a esta distância, de todo o processo “Apito Dourado”?
Creio que de alguma forma foi uma questão extremamente empolada, mas que depois, para além do tempo que demorou, provou muito pouco. Como o povo costuma dizer; “a montanha pariu um rato”.
No entanto obrigou a repensar comportamentos e procedimentos, o que foi muito importante para a arbitragem.

6.       A curto prazo a arbitragem portuguesa deverá passar a ser gerida por um só órgão, deixando de estar dividida entre LPFP e FPF. Qual o perfil que traça do presidente desse Conselho de Arbitragem unificado? Que nomes se enquadram, a seu ver, nesse perfil?

Deverá ser uma figura da arbitragem que reúna à sua volta um grande consenso, depois que lhe seja dada a possibilidade de constituir a sua equipa, tendo como base a competência, que seja um bom gestor de recursos humanos, que não tenham sede de protagonismo e por fim que consiga estar por cima das convulsões do futebol profissional.
O futuro Presidente do Conselho de Arbitragem, não pode estar dependente das grandes penalidades e dos fora de jogo nas competições profissionais, até porque em minha opinião a sua maior tarefa vai ser a captação/formação de Árbitros e reestruturar todo o sector, essas deverão ser os grandes objectivos para o mandato.
Nomes? Existe muita gente com valor, mas como é evidente não é o momento de aqui citar algum.

7.       O futuro do Luís Guilherme na arbitragem passa apenas pela presidência da APAF ou ainda se vê noutros cargos? Consideraria sair da Presidência da APAF para desempenhar outras funções na estrutura da arbitragem Portuguesa?

Como sempre tenho dito e feito, desempenharei as funções que os Árbitros entendam, onde possa ser mais útil à arbitragem, tem sido essa a minha filosofia.

8.       Descreva o que de melhor e o que de pior existe na arbitragem e no futebol em Portugal.
De melhor na arbitragem, os seus recursos humanos; no futebol, os fantásticos Jogadores e Treinadores que temos quando querem jogar futebol.
De pior na arbitragem, ainda a sua estrutura e, no futebol, existir uma “cultura”, de clubismo e não de desportivismo, existe uma grande falta de Fair Play no futebol português.

9.       Quais os momentos mais marcantes que viveu enquanto árbitro e enquanto dirigente?
O meu primeiro jogo e a adrenalina associada ao mesmo.
As várias acções que os Árbitros levaram a cabo em prol da sua dignidade e independência.

10.   Que questão, ligada à arbitragem, se coloca a si próprio e que gostaria de ver respondida?
Porque será que não dão ao sector da arbitragem independência técnica e económica?
O Refereetip agradece a disponibilidade demonstrada por Luís Guilherme em cooperar com o RefereeTip.

Comentários