Mal-estar na arbitragem: classificação vai ser impugnada

A classificação dos árbitros de futebol, que recentemente a Comissão de Arbitragem da Federação fez chegar aos juízes, está a dar muito que falar no seio do grupo, depois de a fórmula habitual que define a ordem ter sido interpretada este ano de uma forma diferente em relação ao que sempre se fez, o que veio prejudicar os árbitros que estiveram em ação em mais jogos.

De acordo com o que apurou o Maisfutebol, Vítor Pereira, presidente da Comissão, mostrou-se agastado com esta situação, mas nada pôde fazer. A possibilidade de impugnação, avançada pela Rádio Renascença, é, de facto, bem real. 

A classificação final dos árbitros é definida pela secção de classificações, formada pelo vice-presidente Nuno Castro e três vogais. Vítor Pereira só é chamado a decidir em caso de empate nas votações. 

Os regulamentos e os bastidores da decisão

Até esta temporada, a nota final dos árbitros era definida desta forma: somavam-se as notas dos observadores à media dos dois testes escritos e físicos obrigatórios e depois tudo era dividido pelo número de jogos realizados mais dois (um para o teste escrito e outro para o físico). Ou seja, se um árbitro esteve em 25 jogos, a soma seria dividida por 27. Este ano dividiu-se apenas pelo número de jogos o que dá, naturalmente, notas mais altas. 

Além disso, esta nova fórmula pode prejudicar os árbitros que estiveram mais vezes em campo, o que contraria o que o próprio Vítor Pereira definiu no início da época, quando prometeu que quem realizasse bons jogos iria apitar mais, como prémio. 

Um presente que se revelou envenenado, sobretudo para Paulo Batista, que é um dos dois árbitros que desceram de escalão mas que, com a fórmula antiga, terminaria em 21º. Seria Jorge Tavares (11º) a descer, juntamente com Renato Gonçalves, último classificado com ambas as fórmulas. Jorge Sousa também seria sempre o melhor árbitro.

Veja-se um exemplo. Um árbitro dirige 20 jogos com uma média de 3,2 nas observações, nota 4 no teste físico e 3,7 no escrito. Com a fórmula antiga teria uma média final de 3,259, na atual passa a ter 3,585. Um outro árbitro dirige 30 jogos e tem uma média superior nas observações (3,3) e nos testes (4 no físico e 4 no escrito). Com a fórmula antiga ficaria com uma média final superior ao primeiro árbitro (3,343), mas na nova fórmula fica atrás (3,567), mesmo tendo melhores notas em todos os campos. 

Tudo porque dirigiu mais jogos.

A nova fórmula prejudicou Cosme Machado e Manuel Mota em seis lugares, Hugo Pacheco em cinco e Hugo Miguel e João Capela em quatro, entre outras mexidas. 

Os mais beneficiados foram Jorge Tavares que seria penúltimo com a fórmula antiga e terminou em 11º (em 25) e Rui Costa que lucrou oito lugares.

Os árbitros não foram informados de nenhuma mudança na fórmula para esta temporada. Alguns foram, também, apanhados de surpresa com a divulgação da classificação, quase um mês mais cedo do que o habitual, pois ainda há vários casos de recursos apresentados a contestar notas que estão por decidir. 

Maisfutebol contactou Vítor Pereira que garantiu «desconhecer os propósitos» que poderão levar à impugnação da classificação. 

Sobre a mudança na fórmula da classificação alinhou pelo mesmo discurso. «Não vou fazer nenhum comentário sobre esse processo. Tudo será, a seu tempo, explicado aos árbitros que são os mais interessados», assegurou.

Fonte: RTP

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