Árbitros em Portugal continuam sem spray

Apesar de ter a bênção da FIFA desde a Copa América de 2011, disputada na Argentina, o spray utilizado pelos árbitros de futebol para marcar o local exato da bola e da barreira na marcação de livres só ganhou verdadeira dimensão global com o último Mundial, realizado no Brasil.


A UEFA seguiu o exemplo e nesta época os jogadores envolvidos na Liga Europa e Liga dos Campeões terão de respeitar a distância na formação da barreira. Já em Portugal, vai continuar a ser tudo feito “a olhómetro”.


O Conselho de Arbitragem da FPF está aberto à possibilidade de introduzir o recurso ao spray nos relvados portugueses, mas a indefinição diretiva na Liga está a inviabilizar que tal medida avance no imediato.


No fundo, Vítor Pereira não tem interlocutor na entidade liderada por Mário Figueiredo de forma a debater questões como quem paga. Por isso, lá terão os árbitros da 1.ª e 2.ª Ligas que continuar a contar os passos, com os jogadores a avançar em direção à bola.


Rivalidade histórica



Argentinos e brasileiros são rivais ancestrais, sendo que disputam até a paternidade do spray no futebol. Os primeiros dizem que a ideia foi do jornalista Pablo Silva, que não se conformou com a derrota num jogo entre amigos por ter desperdiçado um livre perigoso devido ao adiantamento da barreira.


Vai daí, em 2007 apresentou o projeto a Julio Grondona, chefe do futebol argentino, e no ano seguinte o spray já era utilizado em torneios regionais. Em 2009 chegou ao Torneio Clausura e espalhou-se pela América do Sul.


Ora, os brasileiros têm outra versão. Heine Allemagne, engenheiro industrial, reclama a invenção para si e garante que o produto está patenteado por si desde 2004.


Espuma ao início era a de barbear


O spray utilizado pelos árbitros teve uma origem simples: espuma de barbear. A partir daí evoluiu-se para o atual 9.15 Fairplay, uma espuma que desaparece após um minuto sem danificar o relvado. O spray é composto de butano, isobutano, gás propano, um agente de formação de espuma, água e outros químicos. No site oficial do produto é dito que já foram vendidas 150 mil latas.


Colina: «Controlo é mais fácil»


Se há alguém com conhecimento de causa para comentar os benefícios da utilização do spray nos relvados é, sem dúvida, o italiano Pierluigi Collina. O atual chefe da arbitragem da UEFA não tem dúvidas em elogiar a inovação. “Permite aos árbitros controlar de forma mais fácil a barreira nos livres diretos, já que os jogadores deixam de poder usar a tática de dar uns pequenos passos de forma a encurtar a distância”, refere aquele que foi considerado um dos melhores árbitros do Mundo.


Após uma experiência bem-sucedida noEuropeu sub-17 deste ano, em Malta, a UEFA decidiu avançar para a utilização do spray em todas as competições. Já foi assim na Supertaça europeia conquistada anteontem pelo Real Madrid, em Cardiff, será assim nesta edição da Liga dos Campeões e da Liga Europa, bem como na fase de qualificação para o Europeu 2016.


Vários estudos demonstram que nos campeonatos do Brasil e Argentina o número de golos apontados em lances de bola parada aumentou e as faltas cometidas nos últimos metros diminuíram desde que os árbitros usam o spray.

Fonte: Record

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