Com 160 jogos na 1.ª categoria e 121 como árbitro de 2.ª categoria, Artur Soares Dias é, aos 37 anos, o árbitro português com maior margem de progressão internacional. O árbitro nascido em Gaia, filho do antigo árbitro Manuel Soares Dias, começou a apitar com 17 anos e só esteve dois anos na 3.ª categoria e outros tantos na 2.ª antes de chegar ao grupo principal, com 25 anos. Seis anos depois era árbitro internacional e esta época apitou pela primeira vez um jogo da Champions.
O árbitro do FC Porto-Benfica está a um curto passo da categoria máxima da FIFA e da UEFA, a elite, e tem sido uma presença assídua nos cursos da UEFA para jovens com elevado potencial. Pier Luigi Collina, o presidente da comissão de arbitragem da UEFA, tem sido mesmo presença, como observador, em alguns dos seus jogos internacionais, ele que mantém com Artur Soares Dias uma linha direta.
Depois das saídas de Pedro Proença e de Olegário Benquerença, árbitros que atingiram o top da arbitragem mundial, Artur Soares Dias é, declaradamente, o árbitro português candidato a lutar entre os melhores pelos grandes jogos europeus e mundiais. Jorge Sousa também está lá mas é mais velho (41 anos) e está apenas a quatro anos do fim da carreira.
Dedicado à arbitragem a tempo inteiro há dois anos, desde que abandonou a direção do departamento de recurso humanos de uma multinacional, Artur Soares Dias foi na época passada pela 1.ª vez o 1.º classificado do ranking nacional, num ano de ouro pois também foi indicado para o Mundial de sub-20 que decorreu na Nova Zelândia, onde esteve na companhia dos árbitros assistentes Rui Licínio e Álvaro Mesquita.
Casado, a viver no concelho de Matosinhos, Artur Soares Dias considera estar "no princípio e não no fim de uma maratona" da sua carreira de árbitro. O juiz de campo da Associação de Futebol do Porto tem como referências Pedro Proença e Olegário Benquerença, mas espera vir a alcançar um dia o estatuto daqueles árbitros já retirados.
O árbitro do FC Porto-Benfica é, por outro lado, uma pessoa com uma personalidade bem vincada e que gosta de definir as suas opiniões. Por exemplo, já se declarou contra o sorteio dos árbitros que muitos dirigentes reclamam. "Os árbitros não são todos iguais e há que ter os melhores em campo", disse a este propósito.
Artur Soares Dias prepara-se para os jogos no centro de treinos da FPF da Maia, onde treina quatro vezes por semana. Um dos rituais de que não prescinde é o de, mais de uma vez por semana, colocar na mesa sushi, sendo um dos clientes mais assíduos de um conhecido restaurante de Leça da Palmeira.
Para o jogo, ASD leva sempre dois apitos Molten Valkeen, um artefacto capaz de produzir 125 decibéis, um nível de ruído muito próximo da deflagração de uma arma de fogo.
Quanto ao critério que adota para os grandes jogos, que ninguém espere grandes surpresas. O próprio, numa conferência a jovens árbitros, já abriu o jogo. Ou seja, num jogo deste tipo "quem permitir que o critério disciplinar seja largo pode ver a coisa descambar", mas Artur Soares Dias não gosta de mostrar muitos cartões.
Refira-se, por fim, que ASD também gosta de citar Miguel Torga. Como aconteceu em 2010, durante uma homenagem a propósito da sua subida a internacional. "No duro caminho que aí vem, caminhem em liberdade – se não conseguirem, continuem a tentar pois nenhum fruto é feito de uma só metade", foi a citação de Torga que escolheu quem decidiu ser árbitro nas bancadas do Estádio da Luz, enquanto via um jogo do pai. Porque, como disse a Record no princípio deste ano, "adorei aquela pressão".
Fonte: Record
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