Presidente da APAF apela ao fim da "vergonha" da especulação sobre seriedade dos árbitros

Entrevista de Luciano Gonçalves a Bola Branca, com discurso duro e reptos reforçados a um clima mais salutar no futebol português.

No hiato temporal entre a primeira e a segunda jornadas da Primeira Liga, os árbitros lançam um repto: é preciso acabar com a especulação, as suspeitas e a "vergonha" a que dizem ter se assistido no final da temporada passada.
Numa altura em que FC Porto e Benfica já trocam participações e acusações, a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) considera que a repetição do clima de 2017/18 só vai ajudar a acabar com o nosso futebol.
"Tem de se acabar com a especulação e colocar em causa tudo e todos, a seriedade de jogadores e árbitros. Terminámos a última época com uma situação vergonhosa, que nos deve envergonhar a todos e de uma vez por todas temos de acabar com isto. Senão, estamos a matar o futebol. Essas pessoas não fazem falta ao futebol português. Deixo esse repto: deixem os jogadores jogar e os árbitros fazer o melhor possível. Se errarem, os árbitros têm de ser penalizados como tal e criticados. Mas criticar não é criar especulação", dispara, sem reservas, Luciano Gonçalves, presidente da APAF, em entrevista a Bola Branca.

Nas últimas horas, o Benfica pediu um processo sumário para Brahimi, depois de o argelino do FC Porto ter apertado o pescoço a um adversário, durante a goleada aplicada pelos azuis e brancos ao Desportivo de Chaves (5-0).
A problemática das viagens às ilhas
Entretanto, o presidente da APAF já se dirigiu à Liga Portugal, para que não se repitam as marcações tardias de voos para as ilhas, numa situação que no passado fim de semana fez com que o árbitro inicialmente designado para o Marítimo-Santa Clara não conseguisse chegar a tempo ao Funchal. Houve, por isso, necessidade de recorrer a um juiz madeirense da Categoria 2 e sem habilitações para o videoárbitro: Anzhony Rodrigues.
Luciano Gonçalves recebeu garantias de mudanças por parte do organismo presidido por Pedro Proença mas mostra-se indignado.
"Essas situações não podem acontecer. As viagens têm de ser marcadas com mais antecedência, tem de haver mais cuidado. Até pela questão da imagem do futebol português. Podíamos estar a matar um jovem promissor da Segunda Categoria da arbitragem, porque não estava preparado para dirigir um jogo daqueles". lamenta.
A confiança num VAR "melhor" e os vários amarelos por protestos
Nestas declarações a Bola Branca, o líder da APAF manifesta ainda esperança numa época de vídeo-árbitro (VAR) mais tranquila.
"Não tenho dúvida alguma de que o VAR, a cada ano que passe, venha a ser melhor. Tem sido para isso que os árbitros trabalharam agora, para melhorar o VAR. Mas também é muito importante que as pessoas percebam quando é que o VAR pode atuar e as limitações do protocolo. Acho que vai caminhar para um protocolo mais abrangente mas não podemos querer tudo de um momento para o outro. É importante consolidar o atual protocolo", salienta.
Por fim, as várias admoestações com cartão amarelo na ronda inaugural - devido a protestos - têm um objectivo claro.
"É uma indicação que os árbitros têm para tranquilizar os jogos e não permitir que o ruído fora das quatro-linhas entre no jogo", completa Luciano Gonçalves.
Fonte: Renascença

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