Paulo Pereira fala sobre o seu abandono da arbitragem

Falta de motivação e não só
Paulo Pereira desistiu da arbitragem "sobretudo por falta de motivação". E explica as razões principais do abandono, a nove anos de atingir o limite de idade: "Ao fim de oito anos na 1.ª categoria, regredir, e sem demérito para quem lá está, seria sempre uma situação de difícil gestão. Podia também correr o risco de as pessoas dizerem que estava desmotivado e ser até eventualmente penalizado pelos observadores por causa disso. E, em terceiro lugar, porque seria difícil continuar a conciliar a minha vida profissional pessoal com o futebol."
Presidente ausente
"Não estou contra nada nem contra ninguém" - foi desta forma que Paulo Pereira abriu o leque de motivos que o levaram a desistir da arbitragem na época em que foi despromovido. "Posso ter algumas razões de queixa, mas não foram esses os factores primordiais da minha despromoção. Há situações que não me agradaram e que também não agradam a todos os árbitros", referiu.
O árbitro de Viana do Castelo apontou exemplos: "As classificações saíram há um mês e ainda ninguém, da Comissão de Arbitragem ou da Liga, me telefonou a dizer 'Adeus, até um dia destes', a dizer qualquer coisa." Outro problema, do qual "todos os árbitros" se queixam: "Há um grande distanciamento entre a Comissão e os árbitros. Confundem o estar perto, por exemplo nos centros de treino, com o diálogo. O presidente está frequentemente ausente no estrangeiro e, estando no futebol profissional, tem de estar, naturalmente, presente. E não há, de facto, um bom relacionamento com os árbitros, nomeadamente os internacionais, com quem há problemas, graves, de falta de diálogo."
"Esta Comissão não fez nada"
Os árbitros tinham grandes expectativas em relação a Vítor Pereira. "Pela primeira vez, teríamos um presidente com o seu mediatismo", diz Paulo Pereira, sublinhando: "Foi a grande aposta de Hermínio Loureiro; pensávamos que faria uma revolução, como alterar regulamentos - por exemplo tomar uma posição forte sobre a reclamação dos clubes, factor de desestabilização - ou profissionalizar a arbitragem". A verdade é que, argumenta, "passou um ano e meio e não foi feito nada. A anterior comissão, que passou pelo Apito Dourado e por uma série de confusões, alterou algumas coisas. Esta, não fez nada, por falta de coragem ou por comodismo".
Outro ponto negativo da actual gestão: o grau de nomeação atribuído pela CA aos jogos: "Sabemos que vai de 0,25 a 0, 625 mas falta conhecer o critério. Sabemos apenas no final da época os graus que nos foram atribuídos".
in: O Jogo

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