Um manual para o árbitro ser sério e parecer sério...

Normas de conduta.
Pela primeira vez, a arbitragem tem um conjunto de regras de comportamento delineadas pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol. O 'Apito Dourado' está na génese, a ideia é a mulher de César.
A ideia foi de Carlos Esteves, responsável pelos juízes na Federação
Subtilmente, o Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) lançou a ideia num curso de árbitros em Fevereiro de 2006. Com os ecos do "Apito Dourado" ainda a ribombarem sobre as cabeças dos juízes, era preciso orientar comportamentos para evitar suspeições desnecessárias. E eis que, mais de dois anos depois, surge uma "Recomendação de Normas de Comportamento dos Árbitros de Futebol e de Futsal", publicado no sítio da FPF no passado dia 25. São dez princípios orientadores - o não seguimento destes não implica sanções - que merecem aplausos, apesar de reparos da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF)."
Este documento baseia-se em três coisas: as recomendações que a FIFA faz anualmente; dois livros que eu li sobre ética e deontologia na arbitragem, um argentino e outro mexicano; e nas eventuais sugestões dos árbitros, que não disseram nada", conta ao DN sport Carlos Esteves, presidente do CA. "Então, eu e a minha equipa concluímos este documento que, sublinho, faz recomendações e não implica sanções se alguém não as cumprir."
Esta é a génese e a metodologia seguida por Carlos Esteves e restantes membros do CA, mas o alvo é nítido e lógico: o abalo provocado pelo "Apito Dourado". No centro deste escândalo estiveram contrapartidas oferecidas a árbitros e, ainda, prendas que estes aceitavam de alguns clubes. "Com toda essa agitação, com toda a confusão, é preciso entrar em anos novos. O passado morreu", assume o dirigente. "É um alerta para os árbitros. Pensamos que as pessoas vão ler e seguir as orientações. Quem quiser entrar no caminho da transparência, tem aqui uma ferramenta", continua.
E explica que a ideia, que partiu do CA, foi prontamente acolhida por Gilberto Madaíl. "O presidente levou a nossa proposta à direcção, que disse "sim, senhora, publique-se no sítio da federação e publicite-se."
Para Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga de Clubes, a ideia é "construtiva e útil". "Perante um documento deste cariz, julgo que toda a estrutura da arbitragem o deve seguir", diz. "Não tenho ideia de ter havido alguma vez um documento deste género", adianta o antigo árbitro.
E tem razão: esta é mesmo a primeira vez que a cúpula da arbitragem emana normas de comportamento a ter pelos juízes. "É uma originalidade no modo, não no conteúdo. Estas recomendações já existiam no seio da CA e nos cursos de árbitros. Eu próprio cheguei a fazer algo semelhante há uns anos, para palestras em cursos", junta Vítor Pereira.
Carlos Esteves só não acha normal ainda não ter colhido qualquer opinião sobre esta iniciativa. "Sinceramente, acho estranho não ter tido ainda feedback: Toda a gente diz que a FPF não diz nada sobre o 'Apito Dourado', que não actua...", justifica-se o presidente do CA da Federação e autor da ideia.

in: DN Online

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