APAF nega doping na arbitragem

A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) rejeita qualquer “fenómeno de doping na arbitragem”, defendendo que os controlos antidoping aos “juízes” são injustificados, mas não se vai opor a eventuais testes aos seus associados no futuro.
“Em Portugal, o fenómeno do doping na arbitragem não existe e nunca existiu e, de modo algum, se justificam medidas ‘à moda francesa’. De qualquer modo, por princípio, nada há a opor a que tal seja extensivo aos árbitros das competições profissionais de futebol, pois a APAF sempre apoiou e apoiará todas as iniciativas, legislativas e regulamentares, para erradicar do desporto o fenómeno do doping”, lê-se num documento da associação de árbitros a que a Agência Lusa teve acesso.
Em França, a autoridade nacional de combate ao doping (AFLD) prepara-se para efectuar análises aos “juízes” de futebol, râguebi e andebol, já em 2009. Em Portugal, o antigo árbitro internacional de futebol Jorge Coroado confirmou à Lusa que o fenómeno do doping se estende ao sector, mas o também retirado José Leirós assegurou que “nunca existiu doping na arbitragem portuguesa”.
O perito e director do Laboratório de Análises e Dopagem (LAD), Luís Horta, admitiu a hipótese de efectuar testes aos árbitros, caso as autoridades internacionais assim o estipulem, embora se trate de algo que “não está, para já, em cima da mesa”.
Segundo o documento assinado pelo presidente da APAF, António Sérgio, não há necessidade de estender os controlos antidoping aos árbitros porque “a competição não é feita tanto pelas perfomances nas provas físicas, mas sim pelas perfomances na arte de ajuizar”, além de considerar que aqueles agentes desportivos “não estão sujeitos à mesma intensidade de stress que os praticantes” e que “o doping nem sequer é algo acessível às magras bolsas dos árbitros”.
O líder da APAF ressalva que a eventual adopção em Portugal das medidas promovidas em França tem que respeitar as “condições de igualdade desportiva” e o “respeito pela dignidade da função”.
“Não tenho dúvidas em afirmar que, no seio da arbitragem, havia - não sei se ainda há porque já não estou no meio - quem recorresse a isso.(Os controlos aos árbitros) já deviam ter chegado”, afirmou Coroado, concordando com a medida para “proteger a saúde das pessoas e evitar efeitos nefastos mais tarde na vida”.
Na passada semana, a Autoridade Francesa de Luta Contra a Dopagem (AFLD) anunciou o seu programa para 2009, incluindo testes regulares ao sangue de atletas para detectar a presença de hormona de crescimento, entre outras análises sanguíneas, num total de 9.000 testes antidoping previstos, e os inovadores controlos antidoping aos árbitros, após os jogos e também de surpresa, durante os treinos e sessões de formação.
Relativamente ao fenómeno da dopagem dos árbitros, Luís Horta reconheceu já ter sido confrontado com o assunto e a necessidade de actuação das autoridades em vários “colóquios e outros eventos”.
“É uma hipótese que faz todo o sentido porque se trata de agentes desportivos como os outros, com intervenção directa nas competições, e a verdade desportiva é um valor superior”, disse o especialista português.

in: O Jogo

Comentários