Collina privilegia intuição e valoriza árbitros portugueses

O privilégio à intuição do momento, o trabalho de casa, as novas tecnologias e o valor da arbitragem portuguesa foram alguns dos temas abordados hoje em Lisboa pelo antigo árbitro italiano de futebol Pierluigi Collina.
Num seminário subordinado ao tema "Liderança e Tomada de Decisões sob Pressão", Collina, considerado um dos melhores árbitros de sempre, defendeu que os juízes devem sempre acreditar na sua intuição para a tomada de uma decisão imediata.
"Não penses demasiado, se começares a pensar encontras várias razões para não tomar a decisão, não sigas demasiado a cabeça, decide com base na intuição, a intuição vem da qualidade, é o que digo sempre aos árbitros italianos", afirmou.
Collina garantiu conhecer bem a arbitragem nacional e discordou da ideia de que os juízes portugueses não têm capacidade para dirigir jogos em grandes competições internacionais.
"Participei em vários torneios com Vítor Melo (Pereira). Não há poucos árbitros portugueses em grandes torneios", disse, explicando que as grandes competições têm um número restrito de vagas.
Collina deu o exemplo de Olegário Benquerença, um dos internacionais portugueses, que qualificou como "um árbitro conceituado na Europa", para reforçar o valor da arbitragem nacional.
O árbitro que dirigiu a final do Mundial2002 considerou essencial uma boa preparação antes dos jogos, para conhecer as equipas, e defendeu a importância do juiz conseguir sempre fazer entender as suas decisões: "mesmo que alguém discorde, tem de compreender".
Lembrando a sua condição de membro do Comité de Arbitragem da UEFA, Collina manifestou-se, a título pessoal, favorável à introdução de novas tecnologias no futebol.
"Tenho a mesma opinião que tinha em 1997. Não éramos contra a introdução de algo que pudesse ajudar, desde que a decisão não desvalorize a qualidade", referiu.
Na opinião de Pierluigi Collina, o árbitro nunca deve tentar apagar um erro, beneficiando a equipa contra o qual o cometeu.
"Não acho que seja inteligente duplicar um erro. Compensar não ajuda. Cometer erros é normal. A melhor maneira de lidar com os erros é esquecê-los", afirmou.
O antigo árbitro italiano garantiu nunca ter recebido "ordens" de "lobbies" ou de responsáveis superiores, e respondeu à questão com outra questão: "Você é o árbitro, entra em campo e decide em função do que alguém lhe diz. Ficará satisfeito por ter tomado uma decisão que o envergonhe? Pensa que os árbitros são masoquistas e ficam felizes por tomar decisões que os envergonhem?"
No seminário, organizado pela Primavera BSS e Optimus Negócios, Collina defendeu que as mulheres devem chegar à arbitragem de alto nível se tiverem qualidade e não por quotas de paridade.
"Acho que se uma mulher merecer estar no topo, a chance deve ser-lhe dada, mas não entendo que a oportunidade seja dada apenas porque é uma mulher. É uma questão de qualidade", referiu.
In: O Jogo

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