Olegário Benquerença: "Quero estar no Mundial de 2010"

“A minha grande ambição é estar no Mundial de 2010”
Entrevista de Olegário Benquerença ao Diário de Leiria

Diário de Leiria (DL): Quais são as suas ambições a curto prazo?
Olegário Benquerença (OB): Sem dúvida é estar incluído no lote dos árbitros que vão estar no Mundial de África do Sul, em 2010.
DL: Como está a decorrer a época?
OB: A época está a ser programada exactamente para concretizar esse objectivo de estar na África do Sul, obedecendo a um planeamento físico, mental e técnico de acordo com o estipulado pela FIFA. Assim, irei estar brevemente no Campeonato do Mundo de sub/20 no Egipto, última etapa do processo de selecção tendo em vista o mundial de 2010.
DL: Como analisa as chamadas para dirigir jogos internacionais?
OB: A minha participação regular nos jogos das competições internacionais é uma consequência natural do facto de pertencer ao grupo de elite da FIFA e da UEFA. Desde que o nível exibicional seja elevado as chamadas tornam-se naturais.
DL: Então, tem alguma lógica aquilo que alguns comentadores afirmam que é melhor árbitro no estrangeiro que em Portugal?
OB: Por princípio, não faço comentários sobre o desempenho profissional de uma área para a qual não tenho formação. Da mesma forma que não reconheço capacidade técnica a algumas pessoas que se pronunciam sobre a arbitragem.
DL: O acompanhamento da vertente física e psicológica tem sido importante?
OB: Sem dúvida. Além de ser uma questão essencial na preparação de qualquer atleta, é uma necessidade para quem está em competições de alto nível. A FIFA investiu muito na preparação de árbitros para o Mundial da África do Sul e todo o trabalho efectuado é monitorizado pelos técnicos daquele organismo.
DL: Como é feito esse acompanhamento?
OB: Estamos ligados através de uma plataforma informática na qual são colocados os programas de treino físico, técnico e mental que realizo. Todos os meses os técnicos das respectivas áreas elaboram relatórios e fazem-nos chegar à FIFA.
DL: Quantas horas treina semanalmente?
OB: Somando as diferentes vertentes, posso atingir entre as 10 e 12 horas por semana.
DL: É apologista da profissionalização dos árbitros?
OB: Nessa matéria só falta legislar e remunerar de forma profissional. A atitude e a entrega de cada um de nós é já há alguns anos totalmente profissional.
DL: Considera ‘fiteiros’ os jogadores portugueses?
OB: Não são fiteiros. A prova disso é que no estrangeiro são iguais ou melhores que os outros. Também acontece com os árbitros. Assim, basta irmos à procura das causas dessa mudança comportamental.
DL: Qual foi o período mais difícil que teve como árbitro?
OB: Felizmente e até hoje, não passei nenhum período de grande dificuldade. A morte do Fehér, é algo que jamais posso esquecer.
DL: Dos jogos que já dirigiu qual foi aquele que melhores recordações lhe deixou?
OB: Felizmente, não é fácil eleger um jogo, pois já tive o privilégio de dirigir diversos jogos de grande nível. Citar um é desconsiderar todos os outros que me deram enorme prazer em dirigir. Espero, porém, ainda não ter arbitrado o jogo mais importante da minha carreira.
DL: Como convive com a crítica?
OB: Aceito-a como uma inevitabilidade da exposição mediática da minha função. A crítica negativa não me abate, da mesma forma que a positiva não me envaidece. Estou aberto a ver na crítica uma oportunidade de uma melhoria futura.

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