Opinião - Lidar com o erro





O árbitro é sem sombra de dúvida um elemento imprescindível na organização do futebol. 

A sua tarefa ou missão é tão importante que nem se pensa num jogo de futebol sem alguém que arbitre, decida e possa mediar o confronto de duas forças.
Estando em contínuo foco nas suas decisões um árbitro sabe sempre antes de iniciar um jogo que não vai conseguir acertar em todas as situações porque tal não é humanamente possível. Em 90 minutos de jogo um árbitro é confrontado em média com 200 decisões, e até não assinalar uma falta e deixar seguir o jogo é uma decisão tomada.
Se uma pessoa acerta em 95% daquilo que decide está num nível muito bom, reportando esta estatística ao mundo do futebol significa que um muito bom árbitro acertará 190 das 200 decisões. Ainda assim falha em 10, e dentro dessas 10 pode estar a decisão de um jogo.
É essa preparação que ninguém tem de forma inata. Ninguém é ensinado a lidar com o erro. Aos atletas são ensinadas tácticas, ensaiadas jogadas, é-lhes dado uma boa condição física, recomendado um bom comportamento dentro dos parâmetros do que é ter fair play, é incutido um espírito vencedor, etc.
Mas e saber aceitar o erro de um árbitro? É complicado, só na educação individual de cada pessoa e na formação do seu carácter tal é possível.
E o árbitro estará preparado para errar? Está, o árbitro está consciente que o limiar entre o mal e o bem é curto e que não consegue atingir a perfeição, mas procura reduzir os factores de risco ao erro e pede para ter sorte. Para que os seus erros não sejam importantes, um lançamento lateral ou uma falta a meio campo por exemplo.
Quem é o melhor árbitro? É o que erra menos? Não! É o que não erra em situações cruciais. Um árbitro que erre num penálti é pior árbitro que um outro que erre em 5 faltas a meio campo para dar velocidade ao jogo, mas chegando à zona crítica não hesita.
Em jeito de conclusão termino dizendo que devem os treinadores das camadas jovens, de enorme influência no desenvolvimento da carreira dos jogadores, ter o papel de formador na relação com os árbitros sabendo sempre que ligado à tomada de decisão está o erro.

Fonte: Dinis Gorjão

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