Todos
conhecemos histórias, e todos conhecemos aquela de um gaiato que um dia
quis ser jogador de futebol, que gostava tanto de dar uns pontapés na
redondinha que só não dormia com ela porque os seus pais não o deixavam.
Todavia não era carreira que ele pudesse seguir, não tinha qualidade
para tal, pelo menos não passaria dos campos distritais. Ou também
conhecem aquela história da menina que queria cantar, mas a voz não
ajudava.
Esta
introdução serve para dizer que talvez os árbitros não são todos
aqueles que não conseguiram ser jogadores de futebol, ou todos aqueles
que não tem ocupação de fim-de-semana. Terá que existir algum talento
inato.
Nos
distritais há muitos casos de árbitros que ao fim de pouco tempo (2/3
épocas) de actividade acabam por desistir e dedicar o seu tempo a outra
coisa qualquer.
Ser
árbitro de futebol não é para quem quer, é pois para aqueles que tem
mais jeito e o demonstram, o desenvolvem, o lapidam e se esforçam. A
ideia de que qualquer pessoa pode ir para um campo de apito na boca ou
bandeirola na mão afigura-se pois completamente errada.
Em
primeira instância estão as condicionantes do perfil psicológico ou
temperamental. Cada pessoa tem o seu carácter, a sua auto confiança, que
nem sempre é imune ao choque da relação com o público. Um árbitro deve
ter total controlo do seu equilíbrio emocional, para nos momentos mais
complicados não vacilar.
Depois
vem a condição física. Antigamente tínhamos o mal falado teste cooper,
autêntica dor de cabeça que tirava horas de sono a muitos, mas daí já se
fez história e os actuais testes físicos não são nada dóceis. Se alguém
chega aos 20 anos e adere à arbitragem, não tendo hábitos desportivos
de rotina ou preparação física adequada então vai ter um árduo caminho a
percorrer.Em seguida o gosto pelo futebol também é importante, um
árbitro é amador, é aquele que ama o que faz. Um árbitro tem que gostar
muito de futebol. Entendê-lo, percebê-lo, saber a sua história e a sua
génese, que lhe dará no terreno maior astúcia e perspicácia. Um árbitro
tem que ler o jornal desportivo e estar actualizado com o desporto rei.
Um
Árbitro para além de ser preparado para julgar, é um ser humano com
vida pessoal. E aqui também se toca num ponto essencial. Não se é só
árbitro no estádio. É-se árbitro toda a semana e toda e qualquer atitude
menos própria no nosso dia a dia nos pode porventura nos
descredibilizar.
Queres
ser árbitro? Demonstra organização, disciplina, responsabilidade e
cumpre os horários e compromissos, pois estes são os princípios
fundamentais para se obter sucesso e reconhecimento.
Por Dinis Gorjão
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