O dia de um árbitro que vai dirigir um clássico


Como é um dia de jogo grande (ou não) para um árbitro de futebol? Como estará a ser vivido este sábado por Jorge Sousa e seus assistentes?

Desde logo, e tratando-se de uma equipa de arbitragem do Porto nomeada para um jogo em Lisboa, as opções seriam duas: ou viajar de véspera, caso o encontro esteja marcado para o início da tarde, ou deslocar-se no próprio dia, como será o caso do juiz de Lordelo, uma vez que o clássico de Alvalade começa às 21.15 horas.

Tudo começa então esta manhã, com o motorista da empresa de aluguer de veículos contratada pela Liga a ir apanhando os quatro elementos da arbitragem - dado que o quarto árbitro, na circunstância, também é do Porto – nas respectivas casas e a avançar estrada fora rumo à capital.

Já em Lisboa, o almoço terá lugar num restaurante da preferência do juiz de campo, onde este se sinta à vontade e, sobretudo, longe de qualquer eventual confusão. Discreto, portanto, porque calma e concentração são necessárias nesta altura da jornada. Ambiente, se possível. Muitas vezes, o motorista também se senta à mesma mesa.

Após essa refeição, que só muito raramente conhece a visita de algum elemento da Comissão de Arbitragem, o grupo segue para o hotel, onde é previsto ter lugar um bom descanso.

Ao lanche, os homens do apito ingerem geralmente sandes e outros produtos calóricos, dirigindo-se então para o estádio.

Duas horas antes do jogo, e já instalados no balneário, Jorge Sousa e os seus auxiliares manterão reuniões com os delegados dos clubes e os delegados da Liga, momento em que muita coisa fica definida, como, por exemplo, a questão dos equipamentos. Mas não só. Esse é o tempo também para conversar com o comandante da força policial e com o chefe dos bombeiros. Percebe-se o motivo de tais encontros. Há ainda espaço para dialogar com os directores de jogo e de segurança (ao longo destas duas horas, nenhuma outra pessoa, além das atrás mencionadas, está autorizada a frequentar o balneário dos árbitros).

Segue-se o ritual dos cumprimentos aos atletas no túnel de acesso ao relvado e o início da partida.

No final, Jorge Sousa e os companheiros têm duas escolhas possíveis: ou jantam e pernoitam em Lisboa ou regressam ao Porto depois de última refeição do dia, que pode ter mesa marcada no mesmo restaurante do almoço ou decorrer noutra unidade hoteleira do apreço dos clientes em causa. Porém, quem de perto lida com o árbitro deste clássico admite, no entanto, que a sua decisão passará pela imediata viagem para casa, o mesmo acontecendo com os colegas de ofício.

No final do dia, Jorge Sousa, ou outro qualquer juiz que tivesse sido designado para dirigir o embate de Alvalade, terá ganho, em bruto, mais de mil euros. Mas, dizem, não é isso que o faz correr.

Fonte: A Bola

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