10 Questões a... João Capela



O site de arbitragem RefereeTip.com e o site institucional da APAF - Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol possuem uma parceria online intitulada “10 Questões a…”.
Nesta rubrica, comum aos dois websites, convidamos semanalmente uma personalidade a responder a 10 questões relacionadas com a arbitragem.

Como convidado desta semana temos o novo árbitro internacional de futebol, João Capela
João Capela é um árbitro considerado por muitos como “uma das caras de uma nova geração de árbitros portugueses”. Nesta entrevista ele explica como conseguiu atingir os seus objectivos, e quais os novos objectivos traçados. É mais uma entrevista de enorme qualidade que dá a conhecer o novo árbitro internacional Português


JOÃO CAPELA

1.      O que te fez entrar para a arbitragem?

R. A paixão pelo futebol. Pratiquei desde os 12 até aos 23 e quando abandonei, senti a necessidade de manter o vínculo a este fabuloso desporto.

2.      Quais os momentos mais marcantes, pela positiva e pela negativa, que já viveste como árbitro?

R. Os mais positivos foram sem dúvida as grandes amizades que a arbitragem me proporcionou e todos aqueles (jogos e épocas) em que senti a satisfação de o dever cumprido e do objectivo alcançado. Os menos positivos e que mais me marcaram foram as despromoções ou épocas falhadas dos meus amigos. Nesta carreira nunca temos a satisfação plena, porque mesmo tendo sucesso, é garantido que uns dos nossos não o teve, e isso é sempre difícil de gerir emocionalmente.

3.      Que entendimento fazes da expressão “João Capela é uma das caras de uma nova geração de árbitros portugueses”?

R. O meu entendimento é que toda a estrutura tem a noção que houve uma evolução positiva na arbitragem e que todos os meus colegas têm contribuindo para que assim seja, pois o nosso grande compromisso é garantir a imparcialidade e a valorização do futebol.


4.      Quando é que soubeste que ias ser indicado como árbitro FIFA?E qual a tua reacção a essa notícia?

R. No final da época passada, e pela classificação das anteriores, tinha a noção que poderia ser indicado, mas só após o plenário da FPF é que fui notificado que isso era uma realidade, mas que estaria dependente de aprovação da FIFA, pois havia a possibilidade de redução do quadro de internacionais. Por esse motivo, foi uma sensação agridoce, por um lado enorme satisfação e por outro alguma apreensão. O mais engraçado desta história é que tenho a confirmação (não oficial) que sou internacional no aeroporto de Lisboa, quando fui fazer um jogo a Valência como AAA (final de Novembro), e que ao “navegar” pela plataforma da UEFA (Fame), que tem os registos de todos os Árbitros, Assistentes, AAA`s e 4º Árbitros, cliquei no meu nome e vinha a indicação que a partir de 2011 era internacional. Nesse momento senti uma enorme alegria, satisfação e orgulho.

5.      Foste já nomeado para o jogo Espanha - Dinamarca (Sub-21), a realizar no próximo dia 8 de Fevereiro. Qual a sensação de receber esta nomeação e quais as expectativas para esta partida?

R. Foi com enorme satisfação que recebi esta primeira nomeação, mas também com enorme sentido de responsabilidade, pois irei representar a arbitragem nacional e por isso as minhas expectativas são muito altas. Tenho a noção que devido á minha idade, todos os jogos serão uma final e é já neste que começo a trilhar um novo caminho.

6.      Qualquer percurso é feito de definição de objectivos. Depois de chegar a árbitro internacional, que objectivos tens traçados para a tua carreira?

R. A minha carreira tem de ser feita em duas frentes, nacional e internacional. A nível nacional, e agora que alcancei este estatuto, tenho ainda mais responsabilidades e por isso tenho de continuar, com a colaboração dos meus colegas de equipa, a procurar o caminho para a excelência, pelo que a médio, longo prazo tenho o objectivo de ser um dos três melhores árbitros portugueses. A nível internacional, e como já referi, os objectivos imediatos são pensar jogo a jogo e tudo fazer para que no final de cada um, a minha equipa seja a melhor em campo. A curto prazo tenho como objectivo ser promovido ao grupo 3 e depois de alcançar essa meta, definirei outra.

7.      A Profissionalização da Arbitragem é uma das grandes questões actualmente em debate. Na tua opinião, em que moldes é possível avançar-se para a profissionalização dos árbitros? Quais os benefícios dessa mudança?

R. Os benefícios são todos e mais alguns. Sobre a forma em que seria possível avançar, penso que o modelo do projecto-piloto em que tive a felicidade de estar inserido, será o caminho, mas também penso que qualquer passo a dar em frente nesta matéria, terá que ser sempre suportado pelo enquadramento legal e pela garantia da continuidade da carreira após os 45 anos, sem nunca esquecer a formação, pois é necessário que exista um plano integrado de formação a nível nacional, para garantir a qualidade dos árbitros que cheguem a profissionais.

8.      Quem são/foram as tuas referências na arbitragem?

R. Ao longo da minha carreira tive várias referências que passaram por árbitros distritais, nacionais e internacionais, pelo que não irei destacar nenhum porque todos eles foram importantes para a minha construção enquanto árbitro e principalmente como homem.

9.      Se tivesses de convencer um jovem a entrar para a arbitragem, que argumentos usarias? E que conselhos darias para o ajudar a alcançar o sucesso?

R. Começaria por fazer ver o compromisso social que a arbitragem tem, o espírito de camaradagem em que vivemos e a importância que a arbitragem teve na minha construção como homem. Os principais conselhos que lhe daria eram que mantivesse o equilíbrio entre a arbitragem e a vida pessoal (família e amigos) e que numa primeira fase da carreira, tentasse retirar o melhor de todos os colegas, dos bons e dos menos bons, pois destes últimos, é sempre possível aprender o que se pode fazer de diferente.

10.  Que questão nunca te colocaram mas à qual gostarias de responder? (faz uma pergunta e responde)

Qual a importância da família na tua carreira de árbitro?
R. Têm sido os pilares da minha carreira, com um destaque especial para a minha mulher que tem conseguido equilibrar e compensar a minha ausência, quer junto dela, quer junto da minha filha, sem nunca esquecer a minha mãe que sempre me apoiou nesta jornada que começou em Março de 1997.

O RefereeTip agradece a disponibilidade demonstrada pelo João em cooperar com esta rubrica semanal.

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