Psicologia do árbitro (3)


Por sua vez, a característica do árbitro perfeccionista é estar permanentemente com o apito na boca, marcando de imediato, todas as infrações que ocorrem. Este tipo de comportamento interrompe a fluidez do jogo e expõe o árbitro a uma posição antipática diante dos atletas, subtrai a continuidade da partida, impede a lei da vantagem, convertendo o árbitro no “jogador mais importante do prélio”. Traduzindo: o árbitro passa a ser o espetáculo, e não o jogo em si.
Resumindo, podemos estabelecer que um bom árbitro vai depender não só das qualidades natas do indivíduo para essa função, como também de um correto processo de ensino-aprendizagem, oferecido nos cursos de formação, que propiciem mostrar pautas de equilíbrio entre: flexibilidade/personalidade; permitir/punir; e/deve ser; objetividade/subjetividade.
Dietrich Spate define a tarefa do árbitro com enorme precisão ao esquematizar sua sua função como um trabalho permanente de comparação entre dois polos distintos, a saber:
deve ser: imposto pelas regras do jogo;
é/foi: determinado pela ação ocorrida
Entretanto, técnico e atletas tem como ideia e função ganhar o jogo, valendo-se para isto de recursos técnicos, táticos, estratégicos, psicológicos e, às vezes, outros nem sempre éticos e legais. Essa diferença de interesses e funções é que pode proporcionar uma situação de conflito. Graficamente, podemos expressá-la dessa forma:


Objetivos do treinamento
O conhecimento das regras do jogo, na sua totalidade, e a experiência de ter sido atleta não são requisitos indispensáveis para ser um bom árbitro. Dentro do processo formativo do mesmo, devem figurar aspectos que lhe facilitem a resolução dos problemas já citados.
A introdução de conhecimentos específicos da psicologia do esporte, em especial aqueles referentes ao estudo sistemático da observação, antecipação e preparação das situações de jogo, colabora significativamente para a organização do processo de formação.
É importante capacitar e instruir os árbitros em aspectos técnicos e táticos do esporte em questão para que possam antecipar-se mentalmente ao desenvolvimento das situações de jogo.
Na medida em que se prepara uma pessoa para antecipar-se a um problema, ela está sendo treinada para solucioná-lo. Reconhecendo de maneira antecipada as situações que geram conflitos é que um árbitro pode antecipar-se a eles e controlá-los. Isto implica na formação da Personalidade do Árbitrocomo item básico dentro do processo ensino-aprendizagem. Resumindo, podemos dizer que os seguintes conteúdos devem ser incluídos nos programas de formação de árbitros:
formar a personalidade do árbitro; educar sua capacidade de observação (psicologia da conduta); capacitá-lo para se abster ao meio ambiente diante das tomadas de decisões, quer dizer, educá-lo para não se deixar submeter a pressões; esclarecer ao máximo suas funções e os alcances das mesmas; educá-lo para que compreenda o valor dos gestos específicos; educá-lo para diminuir seu “sentido de culpa”, quer dizer, educá-lo para que não tome decisões que não compensem o possível erro anterior; conscientizá-lo de que as críticas são feitas geralmente à sua função e não à sua pessoa (importantíssimo para evitar as pressões psicológicas) e controle diante do comportamento agressivo dos atletas. (autocontrole).

Comentários