10 Questões a... Hélder Malheiro


O site de arbitragem RefereeTip.com e o site institucional da APAF - Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol possuem uma parceria online intitulada “10 Questões a…”.
Nesta rubrica, comum aos dois websites, convidamos semanalmente uma personalidade a responder a 10 questões relacionadas com a arbitragem.

Esta semana temos o grato prazer de conversar com o mais jovem árbitro actualmente na 1ª Categoria Nacional. Hélder Malheiro, 30 anos, pertence à AF Lisboa e está na sua época de estreia nos campeonatos profissionais.

HÉLDER MALHEIRO

1. O que te fez entrar para a arbitragem?
Um grande amigo meu tirou o curso na AF Lisboa em 1997 e ao falar com ele comecei a achar interessante a experiência, no curso seguinte inscrevi-me por mera curiosidade, sem ter o objectivo de fazer carreira e continuar a arbitrar, infelizmente esse meu amigo deixou de ser árbitro pouco tempo depois.

2. Quais os momentos mais marcantes, pela positiva e pela negativa, que já viveste como árbitro?
Destacar um momento marcante pela positiva é muito difícil. Felizmente que ao longo dos 13 anos de arbitragem tenho muitos momentos marcantes e que me deixaram extremamente feliz. Guardo na memória todas as promoções de categoria, o 1º jogo das competições profissionais e claro, o 1º jogo de 1ª divisão.
Pela negativa todas as despromoções ou o não alcançar dos objectivos por parte de amigos que tenho na arbitragem.

3. Como foi a tua integração no grupo de árbitros de 1ª Categoria Nacional?
Tenho de admitir que sou um privilegiado, pois a minha integração foi super tranquila e facilitada por já conhecer pessoalmente a grande maioria dos árbitros da 1ª categoria. Há muitos anos que treino com os árbitros de 1º divisão de Lisboa e depois com os vários anos que passei na FPF tive a possibilidade de ter feito 4º árbitro a um grande número de árbitros.

4. Quais a principais diferenças, sejam elas organizacionais e/ou desportivas, que sentiste da época passada (2ª Div) para a presente (1ª e 2ª Liga)?
Existe uma diferença abismal nestas duas realidades a todos os níveis.
A nível desportivo a velocidade do jogo é incomparavelmente superior, a qualidade do futebol praticado naturalmente também se faz sentir e o ambiente nos estádios é outra das grandes diferenças.
A nível organizacional também exige muito mais de nós árbitros. Estamos habituados a trabalhar com equipas fixas e a realidade dos campeonatos profissionais é outra, fazendo com que tenhamos de exigir ainda mais de nós para que nada saia ao acaso e tudo seja planeado e preparado para fluir durante o jogo de modo natural.

5. A arbitragem de futebol de praia também é uma tua paixão. Qual a tua opinião sobre a possibilidade, que existe noutros países, de um árbitro poder conciliar a sua carreira nas duas variantes?
Sim é verdade, a experiência que tive na arbitragem do futebol de praia foi fantástica. Tive contacto com novos colegas árbitros de outros distritos e o jogo é dos espectáculos mais bonitos que existe no mundo do desporto. Considero-me apaixonado por futebol de praia e pela arbitragem do mesmo.
Quanto a possibilidade de conciliar as duas carreiras não vejo outra possibilidade, uma vez que o futebol de praia em Portugal é jogado apenas na época de Verão, não podemos ter árbitros de futebol de praia exclusivos.
Agora naturalmente terão de ser impostas regras à categoria dos árbitros que podem fazer esse tipo de jogos, estando na 1º divisão percebo perfeitamente que não possa conciliar ambas, mas não ficarei triste, pois já me considero um privilegiado estando a arbitrar na 1ª divisão.

6. Quais os teus objectivos de carreira?
Neste momento o meu objectivo é consolidar a minha presença na 1ª categoria, tendo apenas 30 anos e sendo o árbitro mais novo na 1º divisão, obviamente que não escondo o sonho de um dia ser internacional.

7. Acreditas que poderá haver “espaço” para mais um árbitro internacional da AF Lisboa?
Não gosto de ver a arbitragem por regiões ou distritos, Portugal já é um pais muito pequeno para nos ainda o dividirmos mais. Não querendo fugir a pergunta, se me perguntares se vejo no Hugo Miguel capacidade para ser o próximo árbitro FIFA português, a minha resposta é afirmativa.

8. A Profissionalização da Arbitragem é uma das grandes questões actualmente em debate. Estarias disponível para ser profissional da arbitragem? Quais as vantagens que poderão resultar desta situação?
A arbitragem é uma das minhas grandes paixões, mas obviamente que para um dia decidir seguir essa carreira como a minha actividade profissional teria de analisar pormenorizadamente todos os prós e contras. Se depois disso chegasse a conclusão que seria uma boa opção não teria qualquer problema em assumi-lo. Mas neste momento é algo em que sinceramente não penso, pretendo apenas desfrutar ao máximo e ganhar experiência em todos os jogos em que participo.
A grande vantagem seria ter condições de treino e condições físicas e psicologias para encarar todos os treinos com o máximo das nossas capacidades e não depois de um dia de trabalho intenso e desgastante sob condições por vezes sobre-humanas.

9. Quem são/foram as tuas referências na arbitragem?
Todos os colegas com quem fiz e faço equipa, assim como todos os colegas com quem participo na vida activa dos núcleos que frequento e colegas de treinos.

10. Que questão nunca te colocaram mas à qual gostarias de responder?

P - Abdicavas de uma subida tua pela subida ou manutenção de um colega teu?
R. Muitas vezes já pensei nesta questão. Claramente que o tinha feito, pois senti que muitos colegas meus que se dedicaram e empenharam, fizeram tudo o que estava ao alcance deles e mesmo assim no final não foram recompensados, por esses que deram tudo deles, pelos momentos que passamos juntos ajudando-nos mutuamente, abdicava.


O RefereeTip agradece a disponibilidade demonstrada pelo Hélder em cooperar com a rubrica "10 Questões a...".

Comentários

Anónimo disse…
Grande Malheiro!

Boa sorte!!
;)

Um abraço