Opinião: Fifa é peça de museu


Os seres humanos tem duas manias flagrantes. Uma delas é dar receitas para alguém que, eventualmente, apresenta alguma doença, com ou sem dor. Ancoradas em poções de chás caseiros ou remédios encontrados nas prateleiras das farmácias, quem foi, neste planeta, que ainda não ouviu aquele cândido e bem intencionado de musculosa justificativa como “minha tia nunca mais teve artrose, após tomar este remédio,” ou minha irmã que é bem mais velha do que eu ficou uma menina depois que tomou desta vitamina”. Massagens e exercícios físicos também são ampla e respeitosamente recomendados.

Em se tratando de arbitragem de futebol, há muitos modismos. Ao longo da minha carreira como árbitro de futebol durante 21 anos, não foram raros os questionamentos que me fizeram sobre o porquê das regras de futebol serem praticamente imutáveis. Quantas vezes ouvi, por que não acabar com o impedimento?, ou o lateral com o pé não seria uma boa, ou ainda qual a razão da expressão árbitro ser onipotente dentro do retângulo verde?  Por que a Fifa não cria um tribunal para julgar o árbitro e seus assistentes? Quando é que a entidade que controla o futebol no planeta irá colocar câmeras de TV para confirmar as decisões dos árbitros ou modificá-las?  Dois árbitros em campo, um em cada metade do gramado, melhorariam o nível da arbitragem nas partidas de futebol e elas seriam mais atraentes. Quais o motivos que levam a Fifa a ser tão refratária a uma mudança deste gênero?  Que tal implementar mais um cronometrista para acompanhar o cronômetro do árbitro?

Confesso que muitas vezes me questionei e me questiono a respeito destas e de outras sugestões que recebi e ainda hoje recebo, das diversificadas pessoas com as quais o futebol me propiciou me relacionar e aí me vêm à mente que as regras constituem a pedra fundamental do futebol dentro das quatro linhas. Sem se importar a maneira como o nobre esporte de origem britânica possa manifestar-se, na atualidade, seja ele jogado por profissionais ou amadores, por crianças, adolescentes e até mesmo pelo sexo feminino, inclusive numa Copa do Mundo, nas Olimpíadas, em países em vias de desenvolvimento futebolístico, onde quer que seja, as regras têm sido quase as mesmas, com pouquíssimas metamorfoses. E essa é a principal razão do seu sucesso universal. Em qualquer ponto de Biafra ou num lugarejo de Zâmbia ou no Casaquistão, todos conhecem um mínimo das regras que permitem praticar o futebol e conhecer suas belezas e artimanhas. 

Por Valdir Bicudo  - bicudoapito@hotmail.com
Escrito em Português do Brasil

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