Entrevista a Pedro Proença



Foi considerado por A BOLA o melhor árbitro desta temporada na Liga, no ano em que se afirmou internacionalmente. Pedro Proença diz-se orgulhoso pelo seu percurso mas divide os louros com o resto dos seus colegas. Admite que a imagem dos árbitros tem de ser mudada, mas que os adeptos também precisam de deixar de ser facciosos...

Terminada a época desportiva, foi considerado por A BOLA o melhor árbitro da Liga. Isto é sinónimo da evolução da arbitragem?
- Nada se consegue em termos individuais se não formos apoiados pelos colegas. Esta época deu-se mais um grande salto qualitativo na arbitragem portuguesa, a prestação generalizada foi boa, ter sido considerado o melhor é sinónimo de grande contentamento.

- Então depreende-se que o balanço é bastante positivo, não só em termos individuais como também colectivos.
- Sem dúvida. O conjunto dos árbitros da 1.ª categoria superou as expectativas. E a nível individual foi uma época de afirmação internacional.

- De todos os jogos que dirigiu, tanto em Portugal como no estrangeiro, quais destaca pela positiva? 
- A nível internacional penso que o Bayern Munique, 2-Inter de Milão, 3, que foi considerado o melhor jogo da Champions. Sinto-me satisfeito comigo próprio e com os colegas que me acompanharam nesse jogo. A nível nacional talvez destaque o FC Porto, 3-SC Braga, 2. Um jogo com muita emoção, que acabou por ser repetido na final da Liga Europa.

- Qual a sua opinião quando se diz que os árbitros portugueses apitam melhor lá fora? 
- É uma ideia completamente errada. A preparação de um árbitro é igual para todos os jogos, tanto em Portugal como no estrangeiro. Não é que se apite melhor ou pior, mas lá fora estamos noutro enquadramento, numa terra que não é a nossa, em que não há antecedentes... Pode existir nas pessoas a ideia de que as prestações são melhores mas o grau de dificuldade é igual.

- Que opinião tem sobre a profissionalização da arbitragem? É o passo que falta dar para que se verifique maior qualidade?
- A profissionalização é um caminho inevitável, mas sou céptico e acho que já não vai acontecer na minha geração. Um árbitro que trabalha 10 ou 12 horas por dia e depois, já cansado e stressado, é que vai treinar-se não tem margem para evoluir, que é o que se verifica ao nível dos distritais.



Fonte: A Bola

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