Árbitros Algarvios em protesto

O início do campeonato distrital de futebol do Algarve, marcado para 1 de Outubro, está em risco, por recusa dos árbitros, até a associação de futebol local aceitar as suas reivindicações: multas perdoadas e revisão da tabela salarial.

Ontem, os árbitros do grupo de elite boicotaram a acção de formação marcada pelo Conselho de Arbitragem (CA) da AF Algarve (AFA) e recusaram efectuar os testes escritos.

"Os quatro núcleos algarvios, sediados em Vila Real de Santo António, Faro, Quarteira e Portimão, enviaram um ofício à AFA exigindo que fossem anulados os castigos e multas impostas aos árbitros que, na época passada, realizaram uma jornada de protesto, atrasando em 15 minutos o início dos seus jogos", explicou ao CM, um dos árbitros, que pediu o anonimato ", com medo de futuras represálias".

A falta de resposta da direcção associativa e o mal estar que, desde há algum tempo, grassa no seio da arbitragem algarvia, levaram à ameaça de greve.

"Andámos toda a época passada em reuniões com a AFA, a pedir a revisão da tabela de pagamentos [29 euros/jogo], que não é actualizada há oito anos, quando o regulamento obriga que o seja de três em três, e não obtivemos qualquer resposta", referiu o mesmo árbitro, um dos castigados.

"O Conselho de Disciplina multou--me em 30 euros e fomos aconselhados, por um dirigente da AFA, a recorrer para o Conselho de Justiça, que manteve o castigo e ainda nos multou em mais 125 euros, de ajudas de custo do processo", frisou a mesma fonte, que garante a "união de todos os árbitros algarvios nesta luta de classe".

António Coelho Matos, presidente do CA, não quis comentar o caso que "lamenta", remetendo uma reacção para o líder da AFA. Alves Caetano não compareceu na sede do organismo, em Faro, nem atendeu o telemóvel.

SECTOR EM CRISE NA REGIÃO


Apesar do regresso, esta época, de Nuno Almeida à 1ª categoria nacional, a arbitragem algarvia ainda não conseguiu recuperar da crise que tem vindo a atravessar. Além do árbitro vila--realense, o Algarve tem apenas outro ‘juiz’ (Eugénio Arez) na 2ª categoria e sete no terceiro escalão.

Recentemente, o árbitro Nuno Filipe (3ª categoria) pediu o licenciamento, deixando a arbitragem.

Um processo disciplinar movido pela AFA, que o acusou de não ter participado num jogo do distrital algarvio, em que assinou o relatório, intensificou o descontentamento do árbitro, que, sabe o CM, só dois meses após o licenciamento, foi notificado do castigo (três meses de suspensão). 



Fonte: Correio da Manhã

Comentários