Opinião: Caso Cardinal e a "Primeiro Está a Lei"


Transcrevemos aqui um curioso artigo de opinião escrito por Isabel Stilwell para o jornal Destak:

Caso Cardinal e a "Primeiro Está a Lei"


A telenovela, para não lhe chamar saga siciliana, em redor da falsa tentativa de corrupção de um árbitro, a cada dia tem novo episódio de tirar o fôlego. Pelo que se vai lendo nos jornais, o enredo do “Caso Cardinal” é tão simplório que só pode ter saído da cabeça de alguém com pouca cultura cinéfila.
Ao que parece, nesta curta-metragem de série B, o empregado da empresa do vice-presidente do clube, com o emblemático nome de Primus Lex (Primeiro a Lei), vai à Madeira depositar em mão, na conta do homem a tramar, a quantia de dois mil euros (convenhamos que 20 mil dava outro realismo). Em lugar de um depósito feito a partir de uma offshore sem rasto, o sujeito terá comparecido ao balcão, para ser mais facilmente identificável, sem suspeitar sequer da existência de câmaras de filmar (num banco? Se já se viu tal coisa!).
Depois, logo na manhã subsequente, chega à sede do clube supostamente prejudicado, uma carta-denúncia anónima, mas entregue em mão (e o árbitro até é ex-funcionário dos CTT). No envelope vinha também o comprovativo do depósito. Como havia uma ex, não havia como duvidar (há casais unidos que não trocam informações bancárias com tanta rapidez!), e em menos de nada lá estavam alguns jornais a dar o ponto final: “Acto de Vingança de ex-companheira trama árbitro”, titulava, por exemplo, o JN.
O que o autor da conspiração não esperava, é que a polícia pensasse de forma menos linear do que a ele. E é isso que assusta: se a tramóia conta, de facto, com o envolvimento de um ex-agente da PJ, será que, habitualmente, a investigação de um crime se limita a juntar dois preconceitos, com três ideias feitas e já está? Que medo.

Fonte: Destak

Comentários

j disse…
Esta história é tão estúpida como a daquele clube que pagou uma factura da viagem de um arbitro...