Da Telstar à Brazuca, as bolas que marcaram os Mundiais

Inovação e design passaram a ser elementos essenciais nas bolas dos campeonatos a partir do México 1970. Depois da muito criticada Jabulani, a Adidas não quis falhar e convocou 600 jogadores para darem opiniões sobre a brazuca. É a bola mais testada de sempre


Há uma história antes e depois de 1970 no que diz respeito às bolas utilizadas nos campeonatos do mundo de futebol. Antes do Mundial do México não havia um cuidado específico de uma marca para produzir uma bola para aquele evento. Não se tratava de um elemento comercializado. A partir daquele torneio a Adidas garantiu o exclusivo do fornecimento desse produto essencial e hoje em dia a bola do Mundial é um dos muitos elementos fundamentais do evento.

Até 1966 a bola não era um produto, não pertencia a uma marca específica, era apenas o couro que rolava no relvado. E muitas vezes demasiado pesada. Teve vários nomes, da Federale 102 (1934) à Crack (1962), passando pela Top Star (1958) e terminando na Challenge, em 1966, que foi elaborado pela Slazenger, marca de produtos desportivos que atualmente fornece desportos como o ténis ou o cricket.

O exclusivo da Adidas foi garantido em 1970 e recentemente foi prolongado até 2030. A «brazuca», apresentada esta terça-feira como a bola do Mundial do Brasil, é a 12ª filha desta parceria. Com desenho inovador e pintada de branco, verde, azul e laranja, surge após a polémica «jabulani» do Mundial de 2010 na África do Sul, criticada por vários jogadores.

A estrutura tecnológica da bola do Mundial do próximo ano é idêntica ao padrão da «cafusa», usada na Taça das Confederações, também realizada no Brasil, bem como ao dos esféricos do Campeonato da Europa 2012 e da Liga dos Campeões. Houve, aliás, um cuidado muito especial da marca alemã para envolver os jogadores nos testes da nova bola.

O último salto tecnológico aconteceu em 2006, antes do Mundial da Alemanha, quanto a +Teamgeist foi feita de 14 e não de 32 painéis curvos, que foram juntos por pressão e não cosidos. Na altura foi dito que se tratava da bola mais redonda de sempre, mas os jogadores queixaram-se que era demasiado leve, embora se tenham adaptado ao longo do torneio. Em 2010 a Jabulani era feita de oito painéis tendo em vista a evolução aerodinâmica, mas os efeitos estranhos causaram estranheza.

A inovação tem sido sempre uma palavra de ordem a cada bola que passa. Sem 1974 a Telstar foi desenhada para ser mais resistente a condições atmosféricas adversas, em 1978 a Tango aparece com um design que iria durar duas décadas: 20 hexágonos com tríades negras e doze pentágonos, dando a impressão de ter doze círculos. Em 1986 a Azteca tornou-se na primeira bola sintética, enquanto que quatro anos anos depois a Etrvsco Unico foi a primeira a possuir uma camada interna de espuma preta. A Questra de 1994 era mais suave para permitir um maior controlo e maior aceleração, enquanto que a Tricolore de 1998 foi a primeira a abandonar o preto e branco tradicional. A Fevernova de 2002 foi desenhada para ajudar na precisão do remate.



Agora surge a Brazuca, feita com uma nova estrutura de seis painéis idênticos, procurando ter melhor aderência, contacto, estabilidade e aerodinâmica em campo, em resultado do trabalho de investigação de dois anos e que envolve 600 jogadores (entre eles Messi, Casillas, Schweinsteiger e Zinedine Zidane) e 30 equipas de dez países em três continentes (como o Milan, o Bayern de Munique, o Palmeiras e o Fluminense). 


No que diz respeito à escolha do nome, brazuca saiu de uma consulta à população, tendo recebido 78% dos votos e deixando para trás outras soluções como «Carnavalesca» ou «Bossa Nova». A explicação oficial é simples, sendo que o significado é bem conhecido dos portugueses: «A expressão brazuca significa brasileiro e descreve o modo de vida do país. As cores e o design dos seis painéis da bola foram inspirados nas fitas da sorte do Senhor do Bonfim da Bahia e simbolizam a paixão e alegria associadas ao futebol no Brasil».

Não vai ser preciso esperar pelo Mundial para ver a brazuca rolar nos relvados dado que fará a sua estreia em Portugal já no dia 13 de dezembro, durante o jogo entre a Académica e o Marítimo.




Por: Filipe Caetano
Fonte: Mais Futebol

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