OPINIÃO: A profissionalização da arbitragem é uma “falácia”

Artigo de opinião do comentador de arbitragem brasileiro Valdir Bicudo sobre a profissionalização da arbitragem. (texto escrito em português do Brasil)

Os ingleses inventaram o futebol, posteriormente criaram o The International Board (IFAB) e as REGRAS DO JOGO - ato contínuo, o “chuveirinho”, que é o levantamento da bola na área e a seguir construíram estádios modernos. O próximo fato que mudou definitivamente o futebol inglês, foi a elaboração de um projeto de excelência, engendrado por um grupo de estudiosos de diferentes setores, que fundaram a Professional Game Match Officials Limited (PGMOL) – uma entidade a parte da The FA - a Federação de Futebol), que ficou responsável pela formação, capacitação e designação da arbitragem em todos os campeonatos realizados no território inglês.

Fundada a (PGMOL), técnicos com conhecimento jurídico a respeito das leis trabalhistas na Inglaterra, desenvolveram estudos nesta área e criou-se a profissionalização do árbitro de futebol na terra da Rainha Elizabeth.

Definidas as questões burocráticas, montou-se o arcabouço e a forma de atuação da (PGMOL) junto aos homens de preto. Foi designado para dirigi-la à época, o ex-árbitro inglês Keith Hackett.

O dirigente em tela, cumpriu minuciosamente o roteiro estalecido no estatuto da (PGMOL). Assim que foi possível, adquiriu uma sede para treinamentos dos árbitros com toda a infraestrutura necessária para a prática de aulas teóricas e no campo de jogo.
Foram contratados ex-árbitros com notório conhecimento sobre as Regras de Futebol, com o objetivo de formar e repassar o que vivenciaram nas suas carreiras aos apitos mais novos.

Também foram selecionados, cientistas versados no funcionamento e desenvolvimento do corpo humano, fisiologistas, fisioterapeutas, ortopedistas, cardiologistas, psicólogos e preparadores físicos de alto nível.

A partir de então, foram selecionados para atuar num primeiro momento na Premeier League, (21) árbitros. Passados quinze anos, a arbitragem da (PGMOL) cresceu em quantidade, qualidade e, sobretudo, em credibilidade e é considerada modelo em todo o planeta. Seu contingente atual, é de (109) árbitros e (206) assistentes.

Não obstante o exposto, é na Premier League que jorra tal qual uma cascata a cada temporada, bilhões de euros que são oriundos da presença maciça do público nos estádios de primeiro mundo (sempre lotados) - dos direitos de transmissão dos jogos de TV e da internet para (178 nações em todo o universo), das placas que exibem propagandas voláteis da principais empresas do mundo que estão fixadas ao redor do campo de jogo, das logomarcas das maiores fabricantes de material esportivo do planeta e dos inúmeros patrocínios estampados nas meias, nos calções e nas camisas dos atletas. E, por derradeiro, da venda de souvenirs como: camisas, agasalhos, chaveiros, chapéus, bolas, copos etc... com a insígnia do clube de coração do torcedor inglês.

O sucesso das competições da Premier League, está ancorado no planejamento e organização de curto, longo e médio prazo. No respeito das leis vigentes no país pela população, e no código de disciplina esportiva e sua eficácia ao inverso do (CBJD) do futebol pentacampeão.

Diante de tudo que se leu neste articulado, reitero o que tenho dito várias vezes aqui neste espaço: “Se fosse fácil profissionalizar o árbitro de futebol, as demais ligas europeias - (Alemanha, Espanha, França, Itália, Holanda) apenas para citar alguns exemplos, já teriam aderido a profissionalização.

PS: Falar em profissionalizar o árbitro de futebol no Brasil com suas dimensões continentais e culturas diferenciadas, com a atual legislação trabalhista e seus tributos, sem uma Federação de Árbitros, com o pensamento e ações retrógadas da cartolagem, acoplada a desorganização vigente que grassa no futebol pentacampeão e, por consequência, na arbitragem, significa estar mais por fora do que ”BUNDA DE ÍNDIO”, sobre o tema. Ou então, falta inteligência. Profissionalização se um dia acontecer no futebol brasileiro, vai exigir: Independência, seriedade e, principalmente, um projeto factível.

PS (2): A (PGMOL) atualmente é comandada pelo ex-árbitro da The FA e da FIFA, Mike Riley.

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